12/10/2024 01:27:00 PM
O chanceler alemão, Olaf Scholz, e o presidente francês, Emmanuel Macron, declararam estar dispostos a cooperar com os grupos rebeldes sírios que derrubaram o regime de Bashar al-Assad, desde que sejam respeitadas condições ligadas aos direitos humanos. A informação foi divulgada em um comunicado oficial do governo alemão após uma conversa entre os dois líderes.
A queda de Assad, que fugiu para Moscou no último domingo (8), encerrou mais de cinco décadas de domínio da família Assad na Síria. Scholz e Macron descreveram o evento como uma oportunidade para reconstruir o país devastado por anos de guerra, afirmando que o governo do líder sírio trouxe “imensos sofrimentos ao povo sírio e sérios danos à nação”.
De acordo com o comunicado divulgado na segunda-feira (9), os líderes europeus destacaram a importância de colaborar com os novos governantes sírios, com base na garantia de direitos humanos e na proteção de minorias étnicas e religiosas.
Desafios no novo cenário sírio
O principal grupo rebelde no poder, o Hayat Tahrir al-Sham (HTS), é considerado uma organização terrorista por diversos países, incluindo Estados Unidos, Turquia e membros da União Europeia. Isso complica o processo de estabelecer relações diplomáticas e apoio político ao novo governo da Síria.
Scholz e Macron enfatizaram a necessidade de uma resposta unificada da União Europeia e propuseram um fortalecimento do envolvimento do bloco no país, incluindo apoio a um processo político inclusivo que permita a reconstrução e a estabilização da região. Eles também mencionaram o interesse de trabalhar em coordenação com parceiros no Oriente Médio.
Histórico do conflito
A queda do regime Assad marca um ponto de virada na longa e sangrenta guerra civil síria, que teve início em 2011, durante a Primavera Árabe. A revolta pró-democracia foi brutalmente reprimida pelo governo, levando ao surgimento do Exército Sírio Livre e à intensificação dos combates.
Além dos rebeldes, o Estado Islâmico se aproveitou do caos para conquistar vastas áreas do país, controlando até 70% do território sírio em seu auge. O conflito atraiu diversas potências regionais e globais, transformando-se em uma “guerra por procuração” entre países como Estados Unidos, Rússia, Irã e Arábia Saudita.
Embora um cessar-fogo tenha sido estabelecido em 2020, os combates persistiram de forma localizada, e a guerra deixou um legado devastador: mais de 300 mil civis mortos e milhões de pessoas deslocadas, segundo dados da ONU.
Com a saída de Assad e a ascensão dos rebeldes ao poder, a Síria enfrenta um novo capítulo de incertezas e esperanças. O caminho para a reconstrução depende de negociações delicadas e do comprometimento internacional em promover a estabilidade e os direitos humanos.
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