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Rei e rainha da Espanha são hostilizados em visita a Valência após enchentes devastadoras


Durante uma visita à região de Valência, devastada por enchentes que já causaram mais de 200 mortes, o rei Felipe e a rainha Letícia da Espanha enfrentaram protestos intensos. Cidadãos da área, insatisfeitos com a resposta governamental ao desastre, vaiaram os monarcas e atiraram ovos, chamando-os de “assassinos”. O primeiro-ministro Pedro Sanchez e o governador regional Carlos Mazon também estavam presentes e foram alvos de duras críticas.

Acompanhados de um forte esquema de segurança, Felipe e Letícia ouviram as queixas dos moradores enquanto seguranças usavam guarda-chuvas para protegê-los dos objetos lançados pela multidão. Em um momento tenso, o rei abaixou seu guarda-chuva para escutar um manifestante. A rainha Letícia também interagiu com alguns moradores, visivelmente abalada, chegando a colocar a cabeça entre as mãos diante da intensidade dos protestos.

Após o episódio, o perfil da Família Real divulgou um vídeo em que o casal real aparece consolando moradores afetados. Em uma cena, o rei é visto abraçando um homem que desaba em lágrimas, e em outra, ele conforta duas mulheres emocionadas. Apesar de Felipe ter mantido sua calma e permanecido no local, Sanchez e Mazon se retiraram antes, sob orientação de suas equipes de segurança.

A situação na região ainda é crítica, com mais de 214 pessoas mortas e previsões de que esse número pode aumentar. A resposta tardia das autoridades à crise causou grande indignação. Muitos moradores relataram que receberam alertas de enchente horas após as notificações meteorológicas, o que agravou o impacto do desastre.

No último sábado, Sanchez anunciou o envio de 5.000 soldados para reforçar os esforços nas áreas atingidas e reconheceu que a resposta inicial não foi suficiente. “Este é o pior desastre natural na história recente do país”, afirmou, admitindo as falhas no socorro.

A complexidade política da situação, envolvendo divergências entre o governo federal e a administração regional, contribuiu para a demora na mobilização de recursos. Os dois lados pertencem a partidos diferentes, e o sistema político espanhol exige a permissão do governo regional para liberar fundos federais em casos de emergência. Essa autorização só foi concedida quatro dias após o início das enchentes.

Enquanto isso, milhares de voluntários responderam ao chamado das autoridades locais para auxiliar na remoção de escombros. Contudo, a desorganização e a falta de suprimentos frustraram muitos que aguardavam por horas para ajudar. Pedro de Juan, um jovem de 18 anos, disse que nunca havia presenciado algo semelhante e expressou sua insatisfação com a postura das autoridades. “É decepcionante ver o governo transferindo a culpa. Precisamos, agora, nos unir para ajudar uns aos outros”, afirmou ele ao lado de outros voluntários à espera de transporte para as áreas afetadas.

Os desafios enfrentados pelas autoridades para coordenar a ajuda evidenciam as dificuldades de resposta em desastres de grande escala e refletem a indignação de uma população que se sente desamparada.

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