11/13/2024 05:53:00 PM
A cineasta brasileira Fernanda Schein, de 32 anos, é um dos talentos por trás do documentário “O Caso dos Irmãos Menendez”, lançado pela Netflix em outubro. A produção chegou à plataforma após o sucesso da série de true crime “Monstros: Irmãos Menendez: Assassinos dos Pais”, dirigida por Ryan Murphy, e trouxe uma nova perspectiva sobre o controverso caso dos irmãos Lyle e Erik Menendez, condenados pelo assassinato de seus pais, José e Kitty Menendez, em 1996.
Em entrevista exclusiva, Schein compartilhou detalhes do processo de edição da obra e falou sobre a importância de revisitar essa história. Segundo a cineasta, o caso Menendez era, até recentemente, um fenômeno amplamente limitado aos Estados Unidos, o que contribuiu para sua escolha para o trabalho. “Não era uma história muito conhecida fora dos EUA, e queríamos oferecer uma visão diferente, intencionalmente não americana”, explica. “O diretor argentino Alejandro Hartmann liderou o projeto com essa abordagem, buscando uma perspectiva externa ao olhar saturado do público norte-americano”.
Fernanda acredita que o sucesso do documentário está ligado à evolução social sobre temas como abuso e traumas familiares. Com os novos depoimentos e provas de abusos sofridos pelos irmãos, a narrativa agora reflete debates sobre a reação das vítimas em contextos extremos. “Essa discussão sobre o impacto do abuso e como cada pessoa lida com ele é um dos pontos fortes do projeto. Editar essa história me permitiu contribuir para algo que pode influenciar gerações futuras”, diz a cineasta.
Schein defende que o caso Menendez merece uma revisão judicial. “Os irmãos devem ser responsabilizados pelo crime, mas talvez não com prisão perpétua. Na época, não se considerou que o crime foi premeditado por conta de um histórico de abusos, que os fazia acreditar estar em perigo iminente. Como sociedade, evoluímos, e esse entendimento deveria ser revisto”, opina.
Este documentário foi o primeiro trabalho de true crime na carreira de Schein, que também compartilhou como lidou com o impacto emocional da edição. “No início, eu estava ansiosa; o conteúdo é pesado e me impressionava. Mas o propósito do projeto me manteve focada”, reflete. Para suportar as cenas mais intensas, Fernanda usava uma analogia pessoal: pensava em seu pai, médico, que aprendeu a manter a objetividade ao tratar pacientes em sofrimento.
Além deste projeto, 2024 marca um ano significativo para Schein, que também integrou a equipe do documentário “Poisoned”, vencedor do Emmy. “Foi uma vitória inesperada, porque trabalhamos com uma equipe pequena e orçamento reduzido. Esse prêmio mostrou que podemos alcançar resultados incríveis mesmo com poucos recursos”, celebra.
Fernanda também está envolvida em outras produções premiadas, como o curta “Escadaria do Amor”, que estreou recentemente no Festival de Cinema Brasileiro em Los Angeles e deverá ser exibido no Brasil em breve. Outro trabalho em destaque é o curta “Caviar Star”, um thriller psicológico sobre a indústria artística estrelado por Marco Pigossi e Alice Marcone, que ainda não tem data de lançamento.
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