11/17/2024 01:17:00 PM
Às margens das reuniões do G20 no Rio de Janeiro, diplomatas norte-americanos têm buscado minimizar possíveis impactos negativos que a administração Trump poderia ter sobre o multilateralismo e a dinâmica do grupo, que reúne as principais economias globais.
Sob condição de anonimato, os diplomatas evitaram especular sobre futuras decisões de Donald Trump em relação à agenda global. Entretanto, destacaram que, apesar das críticas do ex-presidente ao multilateralismo, estruturas como o G20 permaneceram operantes durante seu primeiro mandato. Além disso, os EUA estão programados para presidir o G20 em 2026, o que representa, segundo eles, uma oportunidade estratégica para o país.
Divergências ideológicas e laços comerciais
Mesmo com Trump e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva em lados opostos do espectro político, os diplomatas reforçaram que as relações comerciais entre Brasil e EUA seguem sólidas. Atualmente, os Estados Unidos são o principal parceiro comercial do Brasil quando consideradas trocas de bens, serviços e investimentos.Quanto às prioridades do G20, Trump tende a discordar de pautas centrais, como o combate às mudanças climáticas e à desigualdade global. Porém, a postura oficial da diplomacia americana tem sido semelhante à do Brasil, evitando projeções sobre possíveis prejuízos ao multilateralismo.
Apoio cauteloso à agenda brasileira
A administração de Joe Biden demonstrou alinhamento com as três prioridades da presidência brasileira no G20: redução da pobreza, combate às mudanças climáticas e melhorias na governança global. Como sinal de cooperação, os EUA aderiram à Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, uma iniciativa brasileira.No entanto, o apoio americano às outras pautas vem com ressalvas. No financiamento da transição climática, por exemplo, os EUA defendem a necessidade de maior debate sobre a responsabilidade financeira entre países ricos e pobres.
Em relação à reforma da governança global, Washington apoiou a declaração do G20 que defende mudanças em instituições como a ONU e a OMC. Apesar disso, diplomatas americanos ressaltaram que avanços nesse campo devem ocorrer de forma gradual.
A discussão sobre a taxação de grandes fortunas também recebeu apoio moderado. Os EUA endossaram uma declaração ministerial que reconhece a necessidade de um sistema tributário mais progressivo em âmbito global, mas indicaram que esse é o limite do envolvimento americano neste momento.
Assim, enquanto mantêm o foco em preservar o multilateralismo, os Estados Unidos adotam uma abordagem pragmática e cautelosa diante da agenda proposta pelo Brasil no G20.
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