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Kamala Harris evita discutir futuro governo e foca na reta final da campanha


Kamala Harris está no meio de uma maratona de eventos e compromissos nos dias finais de sua campanha de 2024, com o objetivo de impedir que Donald Trump retorne à presidência dos Estados Unidos. Entre comícios em diversos estados, reuniões com assessores sobre temas de política nacional e internacional, ligações e entrevistas, Harris está completamente focada na vitória na eleição da próxima terça-feira.

Mesmo com a carga intensa de atividades, há um tema que a vice-presidente evita abordar até em conversas privadas com sua equipe: a composição de um futuro governo caso vença as eleições. Conhecida por seu senso de cautela, Harris deixou claro a seus assessores que não quer discutir potenciais nomeações para cargos importantes até garantir a vitória. Fontes próximas afirmam que essa postura é em parte motivada por sua superstição. Harris, que já admitiu ser “um pouco supersticiosa”, acredita que falar sobre um governo antes da hora pode prejudicar suas chances.

Essa abordagem, curiosamente, é compartilhada por Donald Trump, que também mostrou resistência ao planejamento de uma possível transição de poder, embora ele tenha levado a relutância ao extremo ao não cumprir prazos formais e ignorar etapas essenciais para uma transição suave. Enquanto a equipe de transição de Harris opera em Washington, a equipe de Trump realiza suas atividades em Manhattan e no Willard Hotel em Washington, mantendo reuniões com representantes das agências federais sobre os preparativos para o período pós-eleitoral.

Diferente de campanhas anteriores, a equipe de Harris não deu sinais claros sobre possíveis escolhas para cargos em um futuro governo. No final da campanha de 2020, por exemplo, já circulavam nomes para diferentes posições no governo de Joe Biden. Dessa vez, porém, a equipe da vice-presidente preferiu não especular e tampouco solicitar sugestões de possíveis indicados, algo que no passado era comum com grupos ou indivíduos tentando influenciar políticas futuras.

Para Harris, a decisão de adiar qualquer planejamento detalhado para depois da eleição é uma medida estratégica, especialmente diante das divisões dentro do próprio Partido Democrata entre progressistas e moderados. Tomar decisões sobre nomes e posições agora poderia complicar alianças e dividir apoio. Essa cautela não é novidade para Harris, que sempre priorizou vencer antes de tomar qualquer ação antecipada – postura que já adotava em sua trajetória como procuradora-geral e promotora na Califórnia.

A ausência de detalhes sobre possíveis membros do governo criou um certo mistério em torno de sua equipe de transição, especialmente entre democratas ansiosos por saber quem ocuparia cargos de destaque. Por enquanto, os esforços de transição estão centrados na criação de uma infraestrutura de avaliação, com recrutamento de advogados e processos prontos para entrar em ação se Harris vencer. Contudo, a equipe também se prepara para cenários incertos, como uma possível demora na definição dos resultados caso a disputa seja acirrada.

Uma eventual vitória de Harris seria a primeira transição de poder entre dois democratas desde 1989, quando George H.W. Bush assumiu após Ronald Reagan. Essa situação inédita traz questionamentos sobre a continuidade de alguns membros do governo Biden. Dependendo da composição do Senado, há especulações de que Harris poderia manter alguns nomes para evitar dificuldades na confirmação de novos indicados, especialmente em um cenário de controle republicano no Senado.

Ainda assim, há grande expectativa de que Harris traga sua própria equipe, inclusive substituindo cargos de alto nível na Casa Branca e em seu gabinete. Lorraine Voles, atual chefe de gabinete de Harris, não deve ocupar o mesmo posto em uma possível administração Harris, e espera-se que boa parte de seu gabinete seja renovado. A vice-presidente já indicou, inclusive, que pretende nomear um republicano para o gabinete, sem, no entanto, especular sobre possíveis candidatos.

À frente da equipe de transição, Yohannes Abraham, ex-embaixador dos Estados Unidos para a Associação das Nações do Sudeste Asiático, lidera os preparativos junto a outros nomes de confiança, como Josh Hsu e Dana Remus. Caso a vitória de Harris seja confirmada, sua equipe de transição deve iniciar rapidamente o trabalho, estabelecendo equipes de revisão, selecionando membros-chave para a Casa Branca e apresentando uma série de decisões para a futura presidente dos Estados Unidos.

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