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Eleição nos EUA: derrota de Kamala Harris leva democratas a culpar Joe Biden e questionar rumos do partido


Após a derrota eleitoral de Kamala Harris na manhã desta quarta-feira (06/11), eleitores e lideranças do Partido Democrata reagiram com perplexidade. Harris, que enfrentava o republicano Donald Trump como uma candidata vista como “azarão”, entrou na corrida há apenas três meses, após a desistência do presidente Joe Biden. A derrota levantou questionamentos sobre o futuro do partido.

As críticas mais incisivas dentro do partido miram a gestão da imagem de Biden. Membros do partido expressaram frustração por acreditarem que o estado de saúde mental do presidente havia sido omitido dos eleitores. Segundo um importante doador democrata, Biden deveria ter deixado a disputa muito antes para dar lugar a novos líderes. Aos 81 anos, Biden acreditava ser o único capaz de derrotar Trump e anunciou sua retirada em julho, declarando que a decisão foi “para o bem do partido e do país”.

Quando Biden anunciou que concorreria à reeleição, em abril de 2023, encontrou resistência e ceticismo entre os democratas, mas nenhum candidato de peso o desafiou formalmente, preferindo apoiar a campanha do presidente como conselheiros.

O investidor Bill Ackman, um doador democrata de longa data que recentemente passou a apoiar Trump, afirmou que o partido precisa de uma “reinicialização completa”. Ele acusou os líderes democratas de terem iludido os eleitores sobre a aptidão de Biden e de evitarem uma disputa primária para substituí-lo. Nem a campanha de Kamala Harris, nem a Casa Branca comentaram o episódio.

Grupos que Kamala Harris contava como base de apoio — jovens eleitores progressistas, sensibilizados por temas como mudanças climáticas e direitos sociais, e mulheres preocupadas com a questão do direito ao aborto —, acabaram migrando para Trump. De acordo com pesquisa de boca de urna da Edison Research, Trump ampliou seu apoio entre eleitores com menos de 45 anos e entre mulheres, além de obter ganhos em áreas suburbanas.

A retórica anti-imigração de Trump também encontrou ressonância, inclusive em regiões tradicionalmente democratas, como Connecticut e Massachusetts, refletindo uma tendência global em democracias liberais. Especialistas alertam que suas propostas econômicas e planos de deportação massiva podem gerar altos custos para a economia, mas isso não impediu que ele conquistasse uma fatia do eleitorado latino, garantindo vitórias em estados importantes como Geórgia e Carolina do Norte.

A campanha de Harris, centrada em uma mensagem inclusiva e de apoio fiscal às famílias, viu-se ainda afetada pela questão do apoio dos EUA a Israel no conflito em Gaza. O apoio de Biden e Harris a Israel gerou divisões dentro do partido, especialmente entre os democratas progressistas, que pressionavam por uma postura mais crítica e pela redução da ajuda militar a Israel, fator que, segundo analistas, pode ter custado votos à campanha democrata.

Com o resultado das eleições, o Partido Democrata enfrenta o desafio de se reorganizar e reavaliar sua estratégia, em um cenário onde sua base tradicional se mostrou dividida e inclinações populistas e conservadoras de Trump ganharam terreno.

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