10/11/2024 01:37:00 PM
No mês passado, durante um debate presidencial, Donald Trump afirmou que gangues de migrantes violentos estavam “tomando conta” de Aurora, no Colorado, amplificando rumores contestados que circulavam nas redes sociais. A declaração colocou essa cidade de médio porte no centro do debate político sobre imigração, tema que Trump quer destacar em sua campanha presidencial.
Trump, que aposta fortemente na questão da imigração, pretende realizar um comício em Aurora em breve. Ele insiste que o fechamento da fronteira e a expulsão de imigrantes ilegais são as prioridades mais urgentes para os Estados Unidos. Suas falas, porém, têm se tornado mais extremas, reforçando estereótipos sobre estrangeiros de países mais pobres. Trump, por exemplo, alegou — apesar de desmentidos de lideranças locais, inclusive do Partido Republicano — que migrantes haitianos em Springfield, Ohio, estariam “comendo animais de estimação”. Recentemente, ele mencionou teorias nativistas, afirmando que alguns imigrantes teriam “genes ruins” que os levariam a cometer crimes.
Apesar da ênfase no tema da imigração, pesquisas indicam que essa questão não é a maior prioridade para os eleitores. Um levantamento apontou que mais de 40% dos eleitores consideram a economia o fator decisivo para escolher seu candidato, enquanto apenas 12% destacaram a imigração. Diante disso, a campanha de Trump parece ter ajustado sua estratégia, investindo mais em anúncios relacionados à economia. Em setembro, por exemplo, cerca de 77% dos gastos publicitários da campanha focaram em temas econômicos, com pouca ênfase em imigração.
No entanto, Trump parece confiar em seu instinto. Em um comício recente em Wisconsin, ele desdenhou das pesquisas que apontam a economia como a principal preocupação dos eleitores e afirmou que a verdadeira ameaça são os imigrantes ilegais. Ele tem reiterado essas declarações em diversos eventos, mesmo em discursos que deveriam focar em outros assuntos, como economia ou habitação.
A imigração sempre foi um tema central para Trump. Desde sua primeira campanha presidencial em 2015, ele destacou o controle da fronteira e a construção de um muro como prioridades. Embora não tenha cumprido a promessa de fazer o México pagar pelo muro, seu governo construiu 740 quilômetros de barreiras ao longo da fronteira com o país vizinho. Agora, ele promete completar a construção e realizar a maior deportação em massa da história dos EUA, caso seja eleito novamente.
O foco de Trump na imigração também se reflete em suas visitas a cidades que, segundo ele, estão sendo afetadas pela presença de migrantes ilegais. Recentemente, em Prairie du Chien, Wisconsin, ele se reuniu com americanos que relataram terem sido impactados por crimes cometidos por imigrantes sem documentos. Além disso, ele aponta que pesquisas indicam que a imigração ainda é uma questão importante para muitos eleitores, especialmente entre os republicanos.
Por outro lado, Kamala Harris, sua adversária na corrida presidencial, tem procurado enfraquecer a narrativa de Trump sobre imigração. Em setembro, ela fez sua primeira visita à fronteira como candidata e, em um evento recente, acusou Trump de bloquear um projeto de lei bipartidário sobre segurança de fronteira, preferindo usar o tema como estratégia eleitoral.
A cidade de Aurora, no Colorado, tornou-se um símbolo desse debate. Rumores, alimentados por apoiadores de Trump nas redes sociais, afirmavam que gangues venezuelanas estavam tomando conta de um complexo de apartamentos na cidade. Embora a polícia tenha encontrado ligações entre alguns grupos criminosos e migrantes venezuelanos, autoridades locais, como o prefeito Mike Coffman, desmentiram as alegações de que gangues estariam controlando a cidade.
Mesmo diante dessas contestações, Trump continuou a amplificar os rumores e, em comícios, sugeriu que a remoção desses migrantes será “uma história sangrenta” caso seja reeleito. Coffman, por sua vez, declarou estar disposto a receber a visita de Trump e usar a oportunidade para mostrar a verdadeira situação da cidade.
Com o comício em Aurora se aproximando, o tema da imigração volta a ser um ponto central na campanha de Trump, enquanto ele insiste que essa é a questão mais urgente do país, mesmo que pesquisas e sua própria campanha indiquem que o foco dos eleitores esteja, na verdade, na economia.
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