10/14/2024 05:31:00 PM
O ex-agente duplo russo Sergei Skripal afirmou acreditar que o presidente da Rússia, Vladimir Putin, ordenou o ataque que o envenenou com o agente nervoso Novichok em 2018. A declaração foi lida nesta segunda-feira (14/10) durante o inquérito sobre a morte de Dawn Sturgess, uma mulher britânica envenenada de forma acidental pelo mesmo agente químico.
Skripal e sua filha, Yulia, foram encontrados inconscientes em um banco em Salisbury, no sul da Inglaterra, em março de 2018, depois que o Novichok foi aplicado na maçaneta de sua casa. Ambos sobreviveram ao envenenamento, assim como um policial que os socorreu, mas ficaram gravemente doentes. Meses depois, Sturgess, mãe de três filhos, morreu após ser exposta ao veneno, contido em um frasco de perfume falsificado, encontrado por seu parceiro.
O episódio gerou uma grave crise diplomática entre Rússia e países ocidentais, resultando nas maiores expulsões de diplomatas desde o fim da Guerra Fria. A Rússia negou repetidamente qualquer envolvimento no ataque, mas o governo britânico sustenta que o atentado foi realizado por agentes russos com autorização de Putin.
Embora não tenha se pronunciado publicamente desde o incidente, Skripal afirmou em sua declaração que, mesmo sem provas concretas, acredita que Putin foi o responsável pela ordem do ataque. “Acredito que Putin toma todas as decisões importantes por conta própria. Portanto, acho que ele deve ter, pelo menos, dado permissão para o ataque a mim e a Yulia”, disse ele, segundo a leitura feita por Andrew O’Connor, advogado do inquérito.
Skripal, que trocou segredos russos pelo Reino Unido antes de ser envolvido em uma troca de espiões em 2010, afirmou também ter conhecimento de alegações envolvendo Putin em atividades ilegais relacionadas à extração de metais raros. Ele ainda mencionou que Putin teria interesse em venenos, sendo leitor de livros sobre o tema.
O inquérito sobre a morte de Sturgess aponta que o frasco de perfume contendo Novichok possuía veneno suficiente para matar milhares de pessoas, e classificou o descarte do item como um ato de “desrespeito grotesco pela vida humana”. A Rússia, por sua vez, continua a rejeitar as acusações britânicas sobre o uso do Novichok, chamando-as de absurdas.
A investigação continua em andamento, com o ex-juiz da Suprema Corte britânica Anthony Hughes à frente do inquérito.
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