10/30/2024 01:46:00 PM
Desde que anunciou na última sexta-feira (25/10) que não endossará nenhum candidato na corrida presidencial, o Washington Post enfrenta uma onda de cancelamentos de assinaturas, com mais de 250 mil leitores desistindo do jornal. O número representa aproximadamente 10% dos assinantes digitais da publicação, segundo informações do próprio jornal, divulgadas na terça-feira (29/10). Não foram considerados novos assinantes que possam ter aderido ou aqueles que possam ter retornado desde o anúncio.
A decisão de abandonar uma tradição de décadas, comunicada pelo editor do Post, Will Lewis, ocorreu a menos de duas semanas da eleição presidencial e gerou fortes reações. Diversos leitores e ex-funcionários expressaram descontentamento, com alguns nomes de destaque cancelando suas assinaturas e criticando a postura do jornal, que consideraram “covarde”. O ex-editor executivo, Marty Baron, também fez declarações públicas de reprovação.
A suspeita de que a decisão poderia estar ligada a uma tentativa de agradar a um possível segundo mandato de Donald Trump ganhou força após um relato de que Jeff Bezos, proprietário do Post, teria interferido. Segundo fontes, um editorial em apoio a Kamala Harris havia sido elaborado pelo conselho editorial, mas foi descartado após a intervenção de Bezos. Em resposta, o bilionário publicou um artigo de opinião na segunda-feira (28/10), reconhecendo o “momento inadequado” da decisão, mas negando qualquer intenção estratégica. “Gostaria que tivéssemos feito a mudança antes, para evitar interpretações erradas”, escreveu ele, negando que a escolha visasse apaziguar Trump.
Bezos também admitiu a “aparência de conflito” na decisão, considerando sua relação com o governo dos Estados Unidos por meio de contratos da Amazon e da Blue Origin, sua empresa aeroespacial. A polêmica aumentou depois que Trump se reuniu com executivos da Blue Origin no Texas, no mesmo dia em que a decisão editorial foi anunciada, sugerindo uma possível conexão entre as duas ações. Bezos, no entanto, negou qualquer influência ou negociação com a campanha de Trump, descrevendo a decisão como uma tentativa de reforçar a imparcialidade do jornal.
“Acreditamos que os endossos presidenciais geram uma percepção de parcialidade e minam a confiança do público na nossa independência”, escreveu Bezos.
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