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Kamala promete representar todos os americanos após comentário de Biden sobre ‘lixo’


A candidata democrata à presidência dos Estados Unidos, Kamala Harris, declarou nesta quarta-feira (30/10) seu compromisso em governar para “todos os americanos” caso seja eleita, enquanto enfrenta repercussões de um recente comentário do presidente Joe Biden que pode enfraquecer sua mensagem de unidade nacional.

“Quando eu for eleita presidente, vou representar todos os americanos, inclusive os que não votarem em mim”, afirmou Harris aos jornalistas, antes de partir para um evento de campanha na Carolina do Norte, um dos estados decisivos para o resultado da eleição marcada para 5 de novembro. Donald Trump, o adversário republicano, também deve realizar um comício no estado hoje, em um momento em que as pesquisas nacionais mostram Harris e Trump em empate técnico, dentro da margem de erro.

Nos últimos dias, Harris tem buscado reafirmar sua postura de respeito à oposição e alertado eleitores sobre o ex-presidente Trump, a quem considera uma ameaça à democracia. Essa mensagem, reforçada em um grande comício em frente à Casa Branca na noite de terça-feira (29/10), foi obscurecida por um comentário de Biden, que criticou o tom racista em um evento recente de Trump. Biden afirmou que “a única toxicidade que vejo vem dos apoiadores dele”, referindo-se à retórica anti-imigrante no comício, o que gerou uma resposta imediata da campanha de Trump, acusando Biden de insultar seus eleitores.

Uma pesquisa da Reuters/Ipsos divulgada na terça-feira (29/10) coloca Harris um ponto à frente de Trump nacionalmente, com 44% contra 43%, mas os números permanecem apertados nos sete estados decisivos, entre eles a Carolina do Norte. O estado, que ainda se recupera dos estragos de um furacão devastador, é considerado imprevisível. Harris está em Raleigh, a capital, enquanto Trump participa de um comício em Rocky Mount.

Trump venceu a Carolina do Norte por pequena margem em 2020, e desde então democratas e republicanos disputam cada voto em um cenário político volátil. Embora o estado tenha um governador democrata, Roy Cooper, desde 2017, Trump atualmente lidera Harris por um ponto percentual, segundo a média de pesquisas da FiveThirtyEight.

Enquanto isso, o debate sobre o voto de não-cidadãos tem gerado polêmica. Trump e seus aliados enfatizaram a questão como uma ameaça potencial, embora auditorias federais e estaduais confirmem que a prática é rara. A campanha de Trump teve uma vitória judicial nessa linha, com a Suprema Corte dos EUA restabelecendo uma decisão da Virgínia que removeu 1.600 pessoas de suas listas eleitorais por suspeita de não serem cidadãs, uma ação contestada pela administração Biden.

Além das questões eleitorais, os impactos do furacão pesam na escolha dos eleitores. Na região oeste da Carolina do Norte, onde os danos foram significativos, os moradores ainda estão reconstruindo suas vidas. O local, com inclinação republicana, representou 9% dos votos em 2020. Trump, no entanto, acusou o governo de desviar recursos de ajuda para imigrantes, uma alegação desmentida por autoridades estaduais, inclusive republicanas.

Os resultados na Carolina do Norte podem permanecer indefinidos por dias após a eleição, devido aos prazos de contagem dos votos enviados por correio e dos eleitores militares no exterior, que podem ser contados até 10 dias após o pleito. Em 2020, a contagem final no estado só foi divulgada em 13 de novembro, dez dias depois da votação.

Kamala Harris segue hoje para eventos em outros estados-chave, como Pensilvânia e Wisconsin. Em Madison, Wisconsin, seu comício contará com a participação de músicos, incluindo a banda Mumford & Sons, enquanto Trump também estará no estado em um evento com o ex-jogador da NFL Brett Favre.

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