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Kamala Harris equilibra lealdade a Biden e busca por identidade própria na reta final da campanha

Harris busca se distanciar de Biden sem romper a aliança, em meio à pressão republicana


Os principais assessores da vice-presidente Kamala Harris estão enfrentando um dilema à medida que a campanha presidencial de 2024 se aproxima de sua fase final. A questão central envolve até que ponto Harris pode, de maneira eficaz, se distanciar de Joe Biden e apresentar-se como uma candidata com propostas e visões distintas, sem prejudicar sua lealdade ao presidente, com quem compartilhou a administração nos últimos anos.

Enquanto os assessores de Harris buscam oportunidades para destacar as diferenças entre ela e Biden, como em temas como direitos ao aborto e política de fronteiras, a vice-presidente segue sendo associada a ele em várias atividades oficiais. Isso gera uma dificuldade: como comunicar essas diferenças de forma clara para eleitores indecisos, sem alienar a base que a vê como uma extensão de Biden?

O desafio também envolve a narrativa pública. Harris precisa, por um lado, demonstrar que tem uma visão própria para a presidência, mas, por outro, evitar criar uma ruptura com Biden que possa ser explorada negativamente por seus oponentes. Propostas e promessas que ela poderia implementar caso fosse eleita são planejadas para reforçar essa linha de distinção. No entanto, os republicanos, especialmente o ex-presidente Donald Trump e seu vice, JD Vance, estão tentando retratar Harris como a verdadeira líder das decisões da administração atual, uma estratégia que visa associá-la aos pontos negativos percebidos do governo.

Essa tensão também está presente em questões sensíveis, como a recente escalada de violência no Oriente Médio, onde a pressão para que Harris se distancie de Biden é forte em estados com grandes comunidades de eleitores impactados pelo conflito, como Michigan. A economia, por sua vez, permanece um ponto de frustração, com Harris tentando se conectar ao sentimento de que, apesar de uma recuperação, muitas pessoas ainda estão sentindo o impacto da crise.

A campanha de Harris tem tentado encontrar o equilíbrio ideal entre destacar suas diferenças e manter a continuidade com as conquistas da administração Biden. Em pesquisas internas, ficou claro que os eleitores respondem melhor quando Harris se posiciona como uma candidata de mudança, algo que seu discurso reflete cada vez mais.

No entanto, o caminho para se descolar de Biden é cheio de armadilhas, com os democratas temendo uma repetição dos erros da eleição de 2016, quando Trump, apesar de vários problemas, manteve sua base firme. O ex-presidente continua sendo uma presença polarizadora, e Harris espera contrastar sua candidatura com a visão de um “futuro” mais progressista em oposição ao “passado cansado” que atribui a Trump.

Neste contexto, a campanha enfrenta um desafio único: equilibrar a experiência de Biden com a necessidade de Harris se firmar como uma candidata com ideias próprias, em uma corrida que, nas palavras de alguns democratas, será decidida por “margens de erro”.

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