10/04/2024 05:30:00 PM
O líder da oposição venezuelana, Edmundo González, afirmou nesta sexta-feira (04/10) que sua saída da Venezuela é temporária, mesmo diante de “pressões indescritíveis e ameaças extremas”. As declarações foram feitas durante o Fórum La Toja, um evento de debate político realizado na Espanha.
Em seu primeiro discurso público desde que deixou a Venezuela e chegou à Espanha, no início de setembro, González se apresentou como “presidente eleito” da Venezuela e “porta-voz” da diáspora venezuelana. O opositor destacou que pretende atuar para fortalecer a solidariedade da Espanha e de outros países europeus com a luta pela democracia em seu país.
Aproveitando a presença de figuras políticas como Alberto Núñez Feijóo, membro do Congresso espanhol, e Alfonso Rueda, presidente da Junta da Galiza, González apelou para que a Espanha e a comunidade internacional mantenham a pressão sobre o governo de Nicolás Maduro. Segundo ele, é fundamental garantir que a soberania popular, expressa nas eleições de 28 de julho, seja respeitada.
Durante seu discurso, o ex-diplomata destacou a necessidade de a Venezuela recuperar “oportunidades perdidas”, mencionando não apenas a normalização das instituições democráticas, mas também a retomada da atividade econômica no país. Ele fez um pedido enfático à comunidade ibero-americana, solicitando apoio “energético e eficaz” para ajudar a Venezuela a voltar à normalidade institucional.
González agradeceu ao governo espanhol pelo apoio durante o que chamou de “o capítulo mais difícil e exigente” de sua vida pessoal, ressaltando a importância de poder se expressar livremente no país europeu. O opositor solicitou formalmente asilo político à Espanha, conforme anunciado nesta semana pelo ministro de Assuntos Exteriores, José Manuel Albares.
Crise eleitoral na Venezuela
A crise política na Venezuela se intensificou após as eleições presidenciais de 28 de julho, cujos resultados oficiais, divulgados pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE), apontaram a vitória de Nicolás Maduro com mais de 50% dos votos. No entanto, a oposição venezuelana, juntamente com grande parte da comunidade internacional, contesta os resultados, uma vez que as atas eleitorais detalhadas não foram divulgadas.A oposição, liderada por Edmundo González, afirma ter em mãos atas obtidas por fiscais partidários que indicariam sua vitória com quase 70% dos votos. O governo de Maduro, por sua vez, acusa a oposição de falsificar 80% dos documentos, mas também não apresentou as atas oficiais para comprovação.
Além disso, o Ministério Público da Venezuela abriu uma investigação contra González por suposta usurpação de funções do CNE ao divulgar as atas. Ele foi intimado três vezes para prestar depoimento, mas após a emissão de um mandado de prisão, o opositor buscou asilo na Espanha.
Organizações de Direitos Humanos relatam que desde o início do processo eleitoral, milhares de opositores foram presos, e pelo menos 24 pessoas morreram após as eleições de 28 de julho.
O governo de Nicolás Maduro, em ocasiões anteriores, negou qualquer coerção que tenha levado o opositor a deixar a Venezuela.
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