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Editorial da The Economist defende voto em Kamala Harris para evitar riscos de um novo mandato de Trump


A revista britânica The Economist, conhecida por sua defesa de ideias liberais e posicionamento como uma publicação de “centro radical”, publicou nesta quinta-feira (31/10) um editorial em que recomenda o voto em Kamala Harris nas eleições presidenciais dos Estados Unidos, que ocorrem na próxima semana. A publicação alerta que, embora alguns eleitores possam ver Harris como uma “marxista radical”, votar em Donald Trump pode trazer riscos subestimados.

O editorial, que é observado com atenção pelo mercado financeiro, questiona a crença de que “os piores instintos do Sr. Trump” seriam contidos por sua equipe ou pelas instituições americanas, como o Congresso e os tribunais. O texto admite que o país poderia até suportar mais quatro anos de Trump, assim como suportou presidentes falhos de ambos os partidos no passado. No entanto, destaca que a liderança de Trump representaria uma ameaça à economia, ao Estado de direito e à paz internacional.

“Ninguém pode quantificar a possibilidade de um desastre, mas ignorar os riscos é uma ilusão”, afirma o editorial. A publicação também reconhece que, durante o primeiro mandato de Trump, algumas de suas previsões mais pessimistas não se concretizaram, mas pondera que hoje o cenário é mais arriscado. O argumento é que, com o mundo em um momento de maior instabilidade, Trump intensificou suas políticas e substituiu aliados mais moderados por apoiadores fervorosos e bajuladores.

Entre as políticas criticadas estão a imposição de tarifas de até 20% sobre importações e de até 500% sobre carros fabricados no México, a deportação de milhões de imigrantes em situação irregular e cortes de impostos que, segundo a revista, poderiam levar a déficits orçamentários sem precedentes em tempos de paz.

O The Economist ressalta que essas políticas poderiam elevar a inflação, provocar conflitos com o Federal Reserve e desencadear uma guerra comercial com potencial de prejudicar a economia americana. O editorial ainda reforça que os Estados Unidos, admirados mundialmente por sua economia aberta e inovadora, poderiam sofrer retrocessos com um governo Trump, que, na visão da revista, adota ideias mais próximas ao protecionismo do século XIX.

A política externa de Trump também é motivo de preocupação para a revista. O texto aponta que Trump promete trazer paz à Ucrânia, mas estimula as ofensivas de Israel e demonstra desprezo por alianças tradicionais, como a OTAN, que considera a maior força geopolítica americana. “A arrogância e as ameaças podem até ajudar Trump em seus objetivos pessoais, mas podem também enfraquecer a OTAN”, diz o editorial.

Por fim, The Economist sugere que Kamala Harris representa uma escolha mais estável em comparação a Trump. Embora critique Harris por parecer “indecisa” e “uma máquina política decepcionante”, a publicação elogia sua postura mais moderada, afirmando que ela se afastou das ideologias mais à esquerda do Partido Democrata e adotou um tom mais centrista em sua campanha.

“Presidentes não precisam ser perfeitos, mas Trump é um risco inaceitável para os Estados Unidos e o mundo. Se a The Economist tivesse um voto, ele seria dado a Kamala Harris”, conclui a revista.

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