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Conspirações e desafios: a luta pela certificação eleitoral nos Estados Unidos

Autoridades reforçam medidas para garantir a certificação eleitoral em meio a teorias conspiratórias


No terceiro condado mais populoso do Arizona, o supervisor republicano Kevin Cavanaugh, responsável pela certificação dos resultados das eleições de novembro, fez uma declaração polêmica ao afirmar que outros funcionários conspiraram para manipular sua derrota esmagadora nas primárias para xerife. No entanto, essas alegações foram recentemente rejeitadas por uma investigação independente. Mesmo assim, durante uma reunião do conselho para certificar os resultados, Cavanaugh declarou que estava votando “sob coação”.

Desde as eleições de 2020, quando o ex-presidente Donald Trump e seus aliados alegaram, sem provas, que uma fraude generalizada causou sua derrota, teorias conspiratórias sobre irregularidades eleitorais têm surgido em estados decisivos. Esses conflitos envolvem as regras de votação e a certificação formal das contagens de votos, um processo regido pelas leis estaduais, mas que agora se tornou um campo de batalha político, especialmente com a aproximação da eleição presidencial entre Trump e a vice-presidente Kamala Harris.

Para evitar qualquer interrupção no processo eleitoral, autoridades estaduais têm tomado medidas rigorosas, incluindo orientações aos juízes sobre prazos e, em casos extremos, ações criminais contra aqueles que se recusam a cumprir suas funções. Em Wisconsin, estado decisivo para as eleições, Ann Jacobs, presidente do conselho eleitoral, acredita que as ameaças de contestação acabarão se dissipando, apesar de reconhecer que alguns ainda estão dispostos a acreditar em teorias conspiratórias. Ela ressalta, porém, que essas pessoas são uma minoria.

Conflitos em torno da administração e certificação das eleições estão surgindo em várias partes do país. Grupos de direitos de voto estão particularmente atentos a possíveis atrasos que poderiam comprometer o prazo federal de 11 de dezembro para a certificação das listas de eleitores presidenciais, o que pode causar confusão e caos. A organização Citizens for Responsibility and Ethics em Washington alertou que qualquer tentativa de impedir o processo eleitoral deve ter consequências sérias.

Desde 2020, 35 autoridades locais ameaçaram ou se recusaram a certificar os resultados das eleições. Em Michigan, por exemplo, dois membros republicanos do Conselho de Escrutinadores do Condado de Wayne questionaram brevemente os resultados da eleição presidencial, que favoreciam Joe Biden, mas acabaram cedendo. Em resposta a esses eventos, os eleitores de Michigan aprovaram uma emenda constitucional reafirmando a obrigação legal de certificar os resultados.

Outros estados também estão enfrentando situações semelhantes. Na Carolina do Norte, dois membros de um conselho eleitoral local foram removidos por se recusarem a certificar os resultados, uma ação inédita no estado. Já no Arizona, dois supervisores republicanos do Condado de Cochise enfrentarão julgamento em janeiro, acusados de interferência eleitoral após se recusarem a certificar os resultados das eleições de 2022.

As autoridades estaduais estão usando todas as ferramentas legais à disposição para garantir que os processos eleitorais sigam conforme exigido. No Arizona, por exemplo, o secretário de Estado Adrian Fontes está coordenando ações legais para responder rapidamente a possíveis desafios eleitorais. Já na Pensilvânia, o secretário de Estado Al Schmidt está trabalhando com o judiciário para garantir que os prazos eleitorais sejam cumpridos.

Apesar das preocupações, muitos acreditam que as tentativas de atrasar ou impedir a certificação falharão. Joanna Lydgate, do States United Democracy Center, ressaltou que esses esforços desde 2020 não foram bem-sucedidos, reafirmando que a certificação é um processo técnico e não um momento para discutir ou questionar a condução das eleições.

No Condado de Pinal, no Arizona, Kevin Cavanaugh tentou usar suas alegações de fraude eleitoral para contestar sua derrota nas primárias para xerife. Durante uma reunião acalorada, ele insistiu em levantar suas acusações, apesar da resistência de outros membros do conselho. Cavanaugh acredita que cerca de 35% de seus votos foram transferidos para seu oponente. No entanto, uma análise independente não encontrou nenhuma evidência que apoiasse suas alegações.

Apesar de suas dúvidas sobre a integridade do processo eleitoral no condado, Cavanaugh, que permanecerá no cargo até o final do ano, afirmou que cumprirá seu dever de certificar os resultados das eleições de novembro, destacando que essa responsabilidade é obrigatória sob a lei.

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