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Baltimore e outras cidades dos EUA colhem resultados de novas estratégias de combate à violência

Estratégias que unem policiamento e apoio social mostram queda nos homicídios, mas insegurança persiste


Antes de ser prefeito de Baltimore, Brandon Scott era um visitante frequente de uma barbearia localizada a poucos metros de um cruzamento conhecido pelo tráfico de drogas. O pequeno negócio, na Avenida Frederick, no bairro de Irvington, serviu durante anos como um refúgio para os moradores, um espaço seguro onde podiam se reunir e conversar, longe da violência e das gangues.

Nos últimos meses, esse refúgio se expandiu graças aos esforços da prefeitura para combater o crime na região. Através da Estratégia de Redução da Violência em Grupo, uma operação em março desmantelou uma organização de tráfico de drogas que há muito tempo aterrorizava a área. A ação resultou em 12 acusações formais relacionadas a drogas e armas.

Segundo Scott, essa estratégia vai além das prisões, pois busca enfrentar as causas da violência. Ela é parte de um esforço colaborativo entre a polícia, serviços sociais e a comunidade, visando oferecer às pessoas alternativas para mudar suas vidas antes de se tornarem alvos ou perpetradores de crimes violentos.

Esse tipo de abordagem parece estar gerando resultados. De acordo com o prefeito, a cidade registrou uma queda recorde de 21% nos homicídios em 2022, e em 2023, a redução chegou a 34%. Baltimore faz parte de uma tendência nacional de queda nos crimes violentos: o FBI informou que, entre 2022 e 2023, houve uma diminuição de 3% nos crimes violentos nos EUA, com uma queda de quase 12% nos homicídios — a maior em décadas.

A estratégia de Baltimore, reformulada por Scott em 2022, envolve uma abordagem chamada “dissuasão focada”, onde autoridades identificam pessoas em maior risco de envolvimento com violência e oferecem apoio, como tratamento para abuso de substâncias e orientação profissional. O objetivo é romper o ciclo de violência antes que crimes aconteçam.

Em Detroit, outra cidade que enfrenta altos índices de criminalidade, um programa semelhante está em vigor. Grupos comunitários recebem financiamento para implementar suas próprias estratégias de combate à violência. Um desses grupos, o FORCE Detroit, registrou uma queda impressionante de 72% nos homicídios e tiroteios não fatais em sua área de atuação. A chave para o sucesso, segundo os organizadores, é o uso de “mensageiros críveis” — indivíduos que, muitas vezes, têm um passado ligado à violência, mas agora trabalham para evitar que outros sigam o mesmo caminho.

Em San Antonio, uma abordagem diferente está sendo testada. A cidade adotou um Plano de Redução de Crimes Violentos em três fases, que envolve o policiamento intensivo em áreas de alta criminalidade e o trabalho conjunto de várias agências para abordar as condições que favorecem o crime, como a falta de iluminação pública e lixo nas ruas.

Essas estratégias inovadoras, que unem a repressão ao crime com a intervenção social, estão sendo vistas como essenciais para a queda nas taxas de violência. No entanto, muitos moradores afirmam que ainda não se sentem mais seguros. A sensação de insegurança persiste em áreas que há décadas convivem com a violência armada, e líderes comunitários ressaltam que segurança e redução de homicídios não são a mesma coisa.

O sucesso de programas como os de Baltimore, Detroit e San Antonio mostra que o combate à violência vai muito além de ações policiais. Ele envolve mudanças profundas, que exigem a participação ativa da comunidade e o investimento em soluções de longo prazo para problemas sociais arraigados.

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